domingo, 25 de janeiro de 2009

POETA DO SUL



Grande surpresa foi ler este poeta, pela primeira vez, num blog na internet (seu blog pessoal), depois encontrá-lo nos mais variados sites falando de literatura e de seu comprometimento com os versos.
Fabrício Carpinejar é escritor, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Natural de Caxias do Sul(RS), é filho dos poetas Carlos Nejar e Maria Carpi, dos quais utilizou o sobrenome para uma excêntrica junção: "Carpinejar", uma forma de, segundo ele, mantê-los unidos, já que são separados.
Em 2008, participou do "Paiol Literário", evento promovido pelo Jornal Rascunho e realizado no Teatro Paiol, em Curitiba, no qual declarou em entrevista: "Não acredito que a literatura possa mudar o mundo. Acredito que ela pode confundí-lo bastante. Que a gente precisa dessa confusão [...]"
Miguel Sanches Neto, em edição do jornal Gazeta do Povo de 12 de agosto de 2000, referindo-se ao livro Um Terno de Pássaros ao Sul (Escrituras, 2000), então publicado por Carpinejar, afirmou que "em todos os versos, sentimos que a casa mítica do autor, o Sul, é maior, muito maior do que o resto."

LIVROS: As Solas do Sol (Bertrand Brasil, 1998), Um Terno de Pássaros ao Sul (Escrituras Editora, 2000, esgotado) (Bertrand Brasil, 3ª edição, 2008), objeto de referência nos The Book of the Year 2001 da Enciclopédia Britânica, Terceira Sede (Escrituras, 2001), Biografia de uma árvore (Escrituras, 2002), Caixa de Sapatos (Companhia das Letras, 2003), Porto Alegre e o dia em que a cidade fugiu de casa (Alaúde, 2004), Cinco Marias (Bertrand Brasil, 2004), Como no Céu e Livro de Visitas (Bertrand Brasil, 2005), O Amor Esquece de Começar (Bertrand Brasil, 2006), Filhote De Cruz Credo (A GIRAFA EDITORA, 2006), Meu filho, minha filha (Bertrand Brasil, 2007,Canalha! (Bertrand Brasil, 2008) e Diário de um Apaixonado: sintomas de um bem incurável (Mercuryo Jovem, 2008).

Poemas de Um Terno de Pássaros ao Sul
Fragmento I

Pouco crescemos
no que aprendemos,
o sabor

de um livro antigo
está em jovem
esquecê-lo.

Eu alterei
a ordem do teu ódio.
Fiz fretes de obras

na estante.
Mudava os títulos
de endereços

em tua biblioteca
e rastreavas, ensandecido,
aquele morto encadernado

que ressuscitou
quando havias enterrado
a leitura,

aquele coração insistente,
deixando atrás uma cova
aberta na coleção.

Sou também um livro
que levantou
dos teus olhos deitados.

Em tudo o que riscavas,
queria um testamento.
Assim recolhia os insetos

de tua matança,
o alfabeto abatido
nas margens.

Folheava os textos,
contornando as pedras
de tuas anotações.

Retraído,
como um arquipélago
nas fronteiras azuis.

Desnorteado,
como um cão
entre a velocidade

e os carros.
Descia o barranco úmido
de tua letra,

premeditando
os tropeços.
Sublinhavas de caneta,

visceral,
impaciente com o orvalho,
a fúria em devorar as idéias,

cortar as linhas em estacas da cruz,
marcá-las com a estada.
Tua pontuação delgada,

um oceano
na fruta branca.
Pretendias impressionar

o futuro com a precocidade.
A mãe remava
em tua devastação,

percorria os parágrafos a lápis.
O grafite dela, fino,
uma agulha cerzindo

a moldura marfim.
Calma e cordata,
sentava no meio-fio da tinta,

descansando a fogueira
das folhas e grilos.
Cheguei tarde

para a ceia.
Preparava o jantar
com as sobras do almoço.

Lia o que lias,
lia o que a mãe lia.
Era o último a sair da luz.

fontes:
foto: Renata Stoduto, por http://www.digestivocultural.com/entrevistas
blog do autor: http://fabriciocarpinejar.blogger.com.br
site do autor: http://www.carpinejar.com.br




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