quarta-feira, 29 de abril de 2009

11º PRIMEIRO FESTIVAL DO CINEMA BRASILEIRO DE PARIS

Wagner Moura e Letícia Sabatella em cena do filme Romance
Começa hoje a 11ª edição do Festival do Cinema Brasileiro de Paris, com duração até 12 de maio. Este ano, o evento homenageia os 50 anos da Bossa Nova. O objetivo maior do festival é promover o cinema brasileiro na França.

O filme Romance, do diretor Guel Arraes, abre o calendário cuja primeira semana é dedicada às produções de ficção. Palavra (En)cantada, de Helena Solberg, fica com a missão de encerrar o evento, que contará, ainda, com a participação de vários músicos.

Entre os filmes que integram a mostra competitiva estão Feliz Natal, de Selton Mello, Meu nome não é Johnny, de Mauro Lima, Se nada mais der certo, de José Eduardo Belmonte, Um romance de geração, de David França Mendes, Todo mundo tem problemas sexuais, de Domingos Oliveira, e Verônica, de Maurício Farias.



Para maiores informações: http://www.cinema.uol.com.br/

terça-feira, 28 de abril de 2009

CONTE ALGO NOVO A UM JOVEM AUTOR: A CONTUNDENTE PROSA DE LUCAS DAVID MICHELS DOS SANTOS


"Incerto e previsível.
Sóbrio e ébrio.
Bom e mau.
Certo e errado.
Sou aquilo que você sempre negou em você mesmo."

Desta forma se auto define Lucas David Michels dos Santos, catarinense de Indaial, em seu blog Conte-me Algo Novo, página que ele transformou em um local de reflexão e diálogo acerca do que temos feito com nossas vidas a nível pessoal, artístico, intelectual, político. Lucas revela em seus textos muitas de suas facetas, inclusive seu gosto pela música. Mas suas palavras deixam claro, o que ele deseja é a música que indaga, assim como a Arte que permite refletir e representar o ser humano. Existencialistas, realistas, niilistas, pessimistas...os textos deste jovem autor de apenas 19 anos percorrem os mais diversos e inusitados caminhos.

Suas influências surgem do visceral Kafka, passando por Douglas Adams, Bernard Cornwell, Maicon Tenfen, chegando a autores inesperados, como o blumenauense Gregory Haerthel, autor do ótimo blog Engarrafamentos de Rosetas e Espinhos.

Lucas, que estudou jornalismo durante um ano, acabou, casualmente, se tornando uma espécie de cronista. O modo como trabalha o cotidiano nos transporta a um mundo particular, um mundo de anseios no qual se vive à procura da valorização da verdadeira arte e do ser humano, não como reflexo da mídia, dos modismos e dos "pré-conceitos" gerados pela banalização da própria vida, mas enquanto indivíduo capaz de refletir acerca do mundo do qual é parte. Em suas linhas o tempo ganha tal relatividade, que, ao se navegar pelo seu blog, temos a nítida sensanção de um ir e vir, suas referências espaciais e temporais oscilantes e seu estilo, ora factual e lógico, nos permitem ingressar num ambiente em que magia e realidade se confundem. Vozes diversas são invocadas gerando uma displiscente polifonia, o que nos deixa claro que as palavras, ainda que no papel, nos permitem dialogar tranquilamente com os mais diversos personagens, inclusive com aquele do autor. Não se surpreenda se, inusitada e repentinamente, se deparar com Raul Seixas e suas canções entre uma linha e outra. Neste espaço, Lucas trabalha, afortunadamente, com todas as possibilidades.

Um texto engajado? Com a figura do homem, com certeza. O blog Conte-me Algo Novo deve ser conferido, assim como devemos esperar muito o que degustar deste jovem autor e futuro jornalista, que nos promete uma carreira digna de atenção e respeito.

Confira aqui um de seus textos, que me atrevo a chamar de crônica.


DEIXAR A ONDA LEVAR


"Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês"

Ultimamente eu ando meio arrependido de algumas coisas. Da minha consciência política,das minhas exigências, de pensar demais em algumas coisas. Mas eu não consigo deixar defazer essas coisas, não consigo deixar de ser a areia da engrenagem para me tornar um grão de sal no mar de gente.

"Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73"

Personalidade é uma coisa estranha, tu vai achando legal no começo, começa a se sentir diferente, percebe que os teus gostos são diferentes dos da maioria, até fica meio arrogante, passa a não entender como essas pessoas “comuns” conseguem levar essas vidinhas de merda. Começa a criticar ditadura, democracia e aristocracia, e acha todas elas erradas, tão erradas quanto você mesmo.

"Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa"

Aí então começam as crises. Teus ídolos se revelam humanos, e isso te decepciona, mas aprende a aceitar. Não há mais sentido em ver televisão, a mídia é corrupta, a arte está prostituída, as músicas não são mais feitas para exprimir alguma coisa, elas existem pra seguir tendências e vender, e aí então você começa a odiar o capitalismo, vira fan de bandas underground que distribuem suas canções pela internet, para então virar-lhes as costas assim que tocarem na rádio.

"Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco"

E ai tu começa a duvidar de Deus, que tu sempre aprendeu que te criou, vigiou e essas coisas todas. Depois de ter entendido “tudo” sobre Darwin e Nietzche não faz sentido nenhum acreditar em Deus, afinal a Igreja queimou tanta gente graças a essa existência.

"É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua
Cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está constribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social "

Mas aí você pensa um pouco, e percebe que esse seu estilo alternativo está longe de ser único, ele pode não ser a moda da mídia, mas no fim das contas ele é uma moda. No fim das contas, talvez você não, mas boa parte dos fanzinhos dessas bandas underground que você escuta não entendem nada da música, estão ali para ser alternativos, o que não deixar de ser um modismo da anti-moda. Começa a ver que a sua visão religiosa, ou anti-religiosa também não é 100% correta, percebe que os políticos não são pessoas totalmente ruins, assim como os seus antigos ídolos não eram, e no fim das contas todos são humanos como você, e essa é a única coisa absoluta. E aí começa o relativismo, tu senta em cima do muro e para pra pensar, e percebe que as tuas idéias não são absolutas, que a sua honestidade, e nem a de ninguém, é absoluta, que a sua visão de mundo é limitada, e que bem e mal, certo e errado, e a maior parte dos opostos, estão todos longe de serem absolutos.

"Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar"

Opostos não são absolutos, chegando nesse ponto você pode voltar a ouvir algumas músicas das rádios (nem todas são ruins, mas a maioria realmente não vale um tiro, mas não é tocar na rádio que as faz ruins). Toda aquela carga “alternativa” que te oprimia não existe mais, e você pode gostar do que realmente gostar, gostar sinceramente. As coisas começam a andar bem, você se sente livre, e cada coisa nova é excitante, cada possibilidade nova merece ser avaliada e parece que nada mais te limita. Porém nem essa sensação é absoluta e você acaba descobrindo que tudo isso tem um preço.

Chega uma hora que a vida dá uma volta tão grosseira quanto os versos que você odeia nessas músicas fúteis. Aí você tão acostumado a pensar começa a pensar demais, começa a pensar em possibilidades para melhores, porquês e porquês sem fim, tua paz vira tumulto, tua tolerância é pisoteada e você deseja que a onda te leve.Deseja ser normal, está cansado de pensar. Pra que pensar se é mais fácil só reagir a tudo (frase da música Noites de outros dias -7, cidadão quem). Dá uma puta vontade de votar no partido da maioria (que muda a cada eleição), não dá mais vontade de ler, não da mais vontade de fazer nada, parece que você já tem muitas coisas na cabeça, mais do que é capaz de gerênciar, e fica de saco cheio de todo o resto.Mas pelo menos pra mim a música nunca deixou de ser uma coisa sincera, uma luz amena no cinza pesado do céu, e talvez por ela eu não vá me tornar uma pessoa normal.

Mas a verdade, é que trilhar seu próprio caminho tem um preço:

Não há volta.
Mas pensando bem não quero trocar minha personalidade por ouro de tolo, felicidade vazia, e outras afirmações que minha arrogância (que vai bem, obrigado) me permitem fazer.E agora lembrando de tudo isso, não me sinto tão arrependido assim.

Lucas David Michels dos Santos
*Trechos destacados da música Ouro de Tolo (Raul Seixas)

domingo, 26 de abril de 2009

PRESOS PELO ESTÔMAGO


Produção rodada em São Paulo e em Curitiba, com finalização na Itália, Estômago conquistou crítica e público em 2007, e continua entre os mais comentados filmes brasileiros dos últimos anos.

"É a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. E pode ser definido como 'uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária'"

Grande destaque do Festival do Rio 2007, venceu as categorias melhor filme (prêmio do público), melhor diretor (Marcos Jorge), melhor ator (João Miguel), prêmio especial do júri (Babu Santana). Ganhou o Lions Awards no Festival de Rotterdam 2008 e fez parte da seleção do Festival de Berlim 2008, além de receber os prêmios de melhor filme e melhor ator no Festival de Punta Del Este.

Compõem o elenco o ator baiano João Miguel, como protagonista, acompanhado pela curitibana Fabiula Nascimento (em sua estréia no cinema), pelos cariocas Babu Santana e Alexander Sil, pelo italiano Carlo Briani e pelo paulista Paulo Miklos.

Segundo o site oficial da produção, "o filme foi inspirado no conto “Presos pelo Estômago”, de Lusa Silvestre, que assina, junto com Marcos Jorge, o argumento do filme. O roteiro é de Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito. A produção é de Cláudia da Natividade, Fabrizio Donvito e Marco Cohen. O diretor de fotografia é Toca Seabra, que tem no currículo filmes como “O Invasor” (2002), “Do Outro Lado da Rua” (2004), “Cidade Baixa” (2005) e “Cão se Dono” (2007). A música ficou a cargo de Giovanni Venosta, compositor de premiadas trilhas sonoras de vários filmes italianos: “Pão e Tulipas” (2000), “Queimando ao vento” (2002) e “Ágata e a tempestade” (2004)."
maiores informações no site http://www.estomagoofilme.com.br/

sábado, 4 de abril de 2009

A POESIA DE ARZÍRIO CARDOSO


Arzírio Cardoso, graduado em Letras Português-Espanhol e pós-graduando em Língua Portuguesa e Estudos Literários, escreve poemas e contos desde 2003. Suas principais influências, na poesia, são Paulo Leminski, José Paulo Paes, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, entre outros; já na prosa, destacam-se Jorge Luis Borges, Dalton Trevisan, Raduan Nassar, Italo Calvino, Kafka e José Saramago.Em sua poesia, tenta comprimir e sintetizar o máximo possível a linguagem, já que um de seus ideais poéticos é a concisão e a precisão. Também é característica de sua poesia a mescla com a prosa, já que a concatenação dos versos muitas vezes revela uma ordem factual lógica, como se no poema houvesse um pequeno enredo com início, meio e fim, cujo objetivo é a busca da coesão e coerência internas.
Arzírio é integrante do grupo da oficina literária Verso e Prosa, cujos encontros acontecem às quartas-feiras, na biblioteca pública de Campo Largo, sob a coordenação da professora Eliane de Andrade Krüguer.



Adão enlevado

O vagar de Eva
Em meio às ervas
Era devagar
E sem reservas.



O nome e a filosofia

Humano
DefiNietzschevamente
Humano



Meus 5 anos

“a” era a letra da abelhinha
“e”, a do elefante
E ia por aí afora
Saudades do jardim de infância
Quando só as vogais
Estavam em voga.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

WAGNER MOURA E "SUA MÃE"




No último dia 25 de março, durante o Festival de Curitiba, Wagner Moura realizou uma visita à cidade. Mas se engana quem pensa que foi para atuar em Hamlet. O ator esteve divulgando a banda da qual é vocalista, Sua Mãe, que tem uma proposta de revisitar o repertório brega brasileiro utilizando-se de uma roupagem moderna, um projeto que ele e o guitarrista Gabriel Carvalho já vinham desenvolvendo desde 1992.

A grande estréia aconteceu em julho de 2009, quando o grupo se apresentou no programa Circo do Edgar, exibido no canal Multishow.

Na capital paranaense, tocaram algumas de suas 500 composições, além de sucessos de Roberto Carlos, Reginaldo Rossi, Odair José, entre outros. Moura se disse feliz com a oportunidade de divulgar seu trabalho participando do "maior festival de teatro da América Latina".


O site Bahia em Foco afirma: "O instrumental é consistente e rico, vertendo-se em arranjos cheios de detalhes inusitados e transitando entre estilos musicais aparentemente inconciliáveis, como o rock independente inglês e o brega brasileiro."

Eis as principais influências da banda: Odair José, Reginaldo Rossi, Roberto Carlos, Fernando Mendes, Otto, Diana, Retrofoguetes, George Harrison, U2, Radiohead, The Cure e Muse.




É possível acompanhar o trabalho do grupo por meio do site www.myspace.com/bandasuamae










No vídeo abaixo, Wagner canta Creep ( o primeiro sucesso da banda Radiohead) ao estilo de Sua Mãe.