sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O quarto e a escuridão

John Everett Millais, "Love", 1862


O quarto e a escuridão


São as sombras
queimando a pele
com escuridão abrasadora
prevista
pelos vidros vaporosos
da janela.
Na cama
letras espalhadas
escondidas
ou guardadas.
No chão
a poeira sobre as páginas
brancas e caladas.
As palavras
são as únicas que
não mentem
falsificam apenas
perpetuadas
até complacentes
ocultam os lábios
de beijos traidores
e efêmeros.
Cortinas e rendas
cenário do torpe romance
dançam nuas
para o doce negror
da noite.
Caiam, sombras
prelúdio do mutismo
Não abalem o torpor
dos contos negros
eles são feiticeiros
são filhos do velho livro.

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