sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

UM POEMA PARA OS DIAS DE DESVENTURA ...

"Ergue os olhos
Eleva teu coração
Tua fome há de ser saciada
teu caminho há de se abrir
com o vento
e a dor que te sufoca
entregar-se-á
ao fogo
queimando tua pele
e, assim, dirá:
Enfim te deixo!
Mostra tua face
Abranda tua alma
e, então,
serás livre!"

Jaqueline Nascimento.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

NAÏF: A ARTE NASCE TAMBÉM DA SIMPLICIDADE





A arte intitulada Naïf surge da espontaneidade, do fazer artístico desprovido de qualquer técnica ou escola. As pinturas Naïf surgem da criatividade e sensibilidade do artista, de imagens do cotidiano transformadas. Este estilo se assemelha à produção infantil e primitiva, o que não significa que com eles possa ser confundida.
Por muitos anos o Naïf foi considerado uma arte menor devido ao seu desajuste no desenho e na perspectiva, no uso das cores sem grandes nuances.
O grande precursor deste tipo de arte foi Henri Rousseau (1844-1910), cuja primeira exposição recebeu vários ataques da crítica por não possuir preocupação com as técnicas elementares do desenho.
Homem de pouca instrução e formação em pintura, Rousseau acabou recebendo mais tarde a admiração de grandes nomes das artes como Pablo Picasso. Seu trabalho acabou por ser reconhecido, além de exercer grande influência sobre o Surrealismo.
A inspiração Naïf surge basicamente da iconografia popular de velhos livros, ilustrações religiosas, ou até mesmo os chamados "santinhos".

Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.

Por ter se tornado tão popular, o Naïf acabou, ironicamente, se tornando uma espécie de escola, na qual é possível separar os bons dos "pseudo" trabalhos.

A Galeria Jacques Ardies especializada em arte naif brasileira, iniciou suas actividades em 1979. No seu website escreve:
"A arte naif é uma criação artística instintiva e espontânea realizada por pintores autodidatas que sentem uma impulsão vital de contar suas experiências de vida. Podemos dizer que desde o início dos tempos, quando o homem sentiu a necessidade de criar algo com o único intuito de se deleitar, surgiu a arte naif; assim sendo, ela encontra-se presente ao longo da história da humanidade, pelas mãos de indivíduos que, alheios aos movimentos artísticos, sociais e culturais de sua época, criam unicamente movidos por suas emoções. A denominação “Arte naif” (aplicada para designar um certo grupo de pintores) como utilizamos atualmente, surgiu no fim do século XIX, com a aparição do pintor francês Henri Rousseau no “Salão dos Independentes”, em Paris. Atualmente podemos dizer que o Brasil é um dos grandes representantes da arte naif mundial. Por ser um país de imensos contrastes, com uma cultura resultante do amálgama de inúmeras outras (a africana, a européia e a indígena), ele é um canteiro fértil para o surgimento e desenvolvimento dessa forma de expressão artística. Apesar desse imenso potencial, somente na década de 50, o Brasil começou a dar atenção a esse grupo de artistas, com as primeiras exposições de Heitor dos Prazeres, Cardosinho, Silvia de Leon Chalreo e José Antonio da Silva. Depois desse início, as décadas de 60 e 70, vão conhecer uma verdadeira explosão de pintores naifs brasileiros, tais como: Ivonaldo, Isabel de Jesus, Gerson Alves de Souza, Elza O . S., Crisaldo de Moraes, José Sabóia e muitos outros que juntamente com seus predecessores, estão presentes em nosso acervo. A arte naif é simples, pura, autêntica e não exige prévios conhecimentos intelectuais e artísticos para ser compreendida, chega direto ao nosso coração e toca nossa alma sem subterfúgios, somente ultrapassando o filtro de nossas emoções. A Galeria Jacques Ardies convida-o a se deixar contagiar por esse mundo de luzes, cores e alegria oferecido por seus artistas."
FONTES: Ilustração 1: "Soltando Balão" 50x60 Airton das Neves
Ilustração 2: "Flor do Campo" 50x60 Malu Delibo
Ilustração 3: "O Violeiro" 50x60 Ernane Cortat

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

TWILIGHT NOW: DO VAMPIRO CULT AO POP



Stephanie Meyer é dona de uma proeza, no mínimo, invejável. Ela é autora de um dos livros mais vendidos no mundo na atualidade. A nova febre que toma os adolescentes (em especial "as" adolescentes)e surge como promessa de substituto de títulos como Senhor dos Anéis e Harry Potter tem nome: Luz e Escuridão. Sim, aqui não me refiro ao livro, mas à saga cujas três "partes" já possuem edições publicadas no Brasil: Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse, este último nas prateleiras das livrarias desde o começo do ano. A autora apostou numa idéia infalível: o vampirismo. O tema sempre foi sinônimo de grandes vendas, seja de livros ou entradas de cinema, Meyer vai além e introduz uma história de amor um tanto fantasiosa: Isabella Swan e Edward Cullen vivem um romance, mas o rapaz é um vampiro. A receita é saborosa, mas nada original. E, neste caso, nem se está julgando a qualidade estética ou literária: fora de cogitação!
Mas, se o pretexto da autora é usar uma história de amor para falar de vampiros, o meu é o de usar a fama da autora para indicar outras leituras vampirescas aos mesmos leitores deste tipo de narrativa.
Anne Rice foi uma das autoras mais populares dos anos 90. Rice dedicou-se quase que exclusivamente à escrita de temas acerca do vampirismo, sua "obra máxima" recebe o nome de Entrevista com o Vampiro, o livro imortalizou os vampiros Lestat e Louis e se tornou uma bela adaptação cinematográfica com os atores Brad Pitt e Tom Cruise, concorrendo, inclusive, ao Oscar em algumas categorias (como a de melhor atriz coadjuvante, cuja indicada era a, então menina, Kirsten Dunst). Rice é ainda autora de inúmeras crônicas vampirescas, algo fabuloso para os amantes do gênero.
O grande precursor deste gênero, porém, foi o irlandês Bram Stocker com seu maior (e único) clássico Drácula, publicado em 1897. Como todos sabem, o príncipe Drácula - personagem real - viveu no século XV na região da Valáquia, na Transilvânia. Seu nome Vlad recebeu o apelido de Drácula devido ao brasão da família, "dracul" ou "dragão". Durante anos refém dos turcos, ele aprendeu as mais diversas técnicas de empalamento (que não é o caso descrever aqui), motivo pelo qual seu nome se imortalizou como sinônimo do horror. Em 1456 deu início a um reinado de quatro anos de tirania e terror. Ele era um homem sádico, que beirava a insanidade. Stocker usou a figura lendária e mítica para o povo romeno associando-a ao vampirismo.
Drácula foi, de certa forma, também algoz do autor, que se tornou tão vampirizado quanto o personagem que criou e, finalmente, ofuscado por ele. Coincidência ou não, o trabalho com os mistérios do oculto lhe renderam o quase anonimato.
O romance epistolar (em forma de cartas e diários)rendeu uma das produções cinematográficas mais competentes e bem sucedidas da história do cinema. O filme Drácula de Bram Stocker, dirigido por Francis Ford Copolla, é talvez o filme pop mais cult dos últimos tempos, com um grupo fiel de adoradores em todo o mundo. A narrativa trabalha brilhantemente a eterna história de amor entre Vlad (Gary Oldman) e Mina (Winona Ryder), o que, perdoem-me os iludidos, não acontece no romance.
Um aviso importante: o filme, assim como o livro, foram feitos para adultos e, portanto,os fãs de Twilight não serão poupados ^__^
Fica, então, a dica para os iniciantes fãs de vampiros!!! Boa leitura!!!

domingo, 25 de janeiro de 2009

POETA DO SUL



Grande surpresa foi ler este poeta, pela primeira vez, num blog na internet (seu blog pessoal), depois encontrá-lo nos mais variados sites falando de literatura e de seu comprometimento com os versos.
Fabrício Carpinejar é escritor, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Natural de Caxias do Sul(RS), é filho dos poetas Carlos Nejar e Maria Carpi, dos quais utilizou o sobrenome para uma excêntrica junção: "Carpinejar", uma forma de, segundo ele, mantê-los unidos, já que são separados.
Em 2008, participou do "Paiol Literário", evento promovido pelo Jornal Rascunho e realizado no Teatro Paiol, em Curitiba, no qual declarou em entrevista: "Não acredito que a literatura possa mudar o mundo. Acredito que ela pode confundí-lo bastante. Que a gente precisa dessa confusão [...]"
Miguel Sanches Neto, em edição do jornal Gazeta do Povo de 12 de agosto de 2000, referindo-se ao livro Um Terno de Pássaros ao Sul (Escrituras, 2000), então publicado por Carpinejar, afirmou que "em todos os versos, sentimos que a casa mítica do autor, o Sul, é maior, muito maior do que o resto."

LIVROS: As Solas do Sol (Bertrand Brasil, 1998), Um Terno de Pássaros ao Sul (Escrituras Editora, 2000, esgotado) (Bertrand Brasil, 3ª edição, 2008), objeto de referência nos The Book of the Year 2001 da Enciclopédia Britânica, Terceira Sede (Escrituras, 2001), Biografia de uma árvore (Escrituras, 2002), Caixa de Sapatos (Companhia das Letras, 2003), Porto Alegre e o dia em que a cidade fugiu de casa (Alaúde, 2004), Cinco Marias (Bertrand Brasil, 2004), Como no Céu e Livro de Visitas (Bertrand Brasil, 2005), O Amor Esquece de Começar (Bertrand Brasil, 2006), Filhote De Cruz Credo (A GIRAFA EDITORA, 2006), Meu filho, minha filha (Bertrand Brasil, 2007,Canalha! (Bertrand Brasil, 2008) e Diário de um Apaixonado: sintomas de um bem incurável (Mercuryo Jovem, 2008).

Poemas de Um Terno de Pássaros ao Sul
Fragmento I

Pouco crescemos
no que aprendemos,
o sabor

de um livro antigo
está em jovem
esquecê-lo.

Eu alterei
a ordem do teu ódio.
Fiz fretes de obras

na estante.
Mudava os títulos
de endereços

em tua biblioteca
e rastreavas, ensandecido,
aquele morto encadernado

que ressuscitou
quando havias enterrado
a leitura,

aquele coração insistente,
deixando atrás uma cova
aberta na coleção.

Sou também um livro
que levantou
dos teus olhos deitados.

Em tudo o que riscavas,
queria um testamento.
Assim recolhia os insetos

de tua matança,
o alfabeto abatido
nas margens.

Folheava os textos,
contornando as pedras
de tuas anotações.

Retraído,
como um arquipélago
nas fronteiras azuis.

Desnorteado,
como um cão
entre a velocidade

e os carros.
Descia o barranco úmido
de tua letra,

premeditando
os tropeços.
Sublinhavas de caneta,

visceral,
impaciente com o orvalho,
a fúria em devorar as idéias,

cortar as linhas em estacas da cruz,
marcá-las com a estada.
Tua pontuação delgada,

um oceano
na fruta branca.
Pretendias impressionar

o futuro com a precocidade.
A mãe remava
em tua devastação,

percorria os parágrafos a lápis.
O grafite dela, fino,
uma agulha cerzindo

a moldura marfim.
Calma e cordata,
sentava no meio-fio da tinta,

descansando a fogueira
das folhas e grilos.
Cheguei tarde

para a ceia.
Preparava o jantar
com as sobras do almoço.

Lia o que lias,
lia o que a mãe lia.
Era o último a sair da luz.

fontes:
foto: Renata Stoduto, por http://www.digestivocultural.com/entrevistas
blog do autor: http://fabriciocarpinejar.blogger.com.br
site do autor: http://www.carpinejar.com.br




sábado, 24 de janeiro de 2009

NASCE O BLOG POESIA E CAOS

Iniciamos hoje, com orgulho, receio, expectativa - e todos os possíveis sentimentos que envolvem qualquer ser humano que se depare com algo novo - o desafio de descobrir e conhecer este mundo fascinante e tão complexo que nos circunda. Aqui o faremos com pesquisa acerca da arte e da cultura em geral.
Poesia e caos? Exatamente! Este nome surgiu com a idéia de se abordar tudo aquilo que é realmente poético e nos traz alguma reflexão, seja na literatura, nas artes plásticas, na música, no cinema, enfim, neste infindável campo de novidades! E o caos é justamente este novo que surge tão imcompreensível e rapidamente, aquilo que tem sido produzido, visto, falado e ouvido.Unimos aqui o cult e o pop fazendo com que dialoguem e, mais importante, que contribuam para novas descobertas e aprendizagem.
Este blog é, antes de tudo, um ponto de encontro, um lugar para se conversar e refletir livremente. Portanto, é aberto a sugestões, críticas, comentários e tudo que torne viável o acesso de todos àquilo que tem sido produzido (por anônimos ou não) no mundo das artes e do pop.
E, para começar, trazemos a boa música do Grupo Anima. Os seis membros desenvolvem uma linguagem musical baseada em intensa pesquisa acerca das comunidades brasileiras, parcial ou totalmente excluídas do grande processo de industrialização. São exploradas ainda particularidades da cultura renascentista européia, trazida para o Brasil durante o período de colonização. Alguns de seus vídeos, assim como a íntegra deste parágrafo (que nada mais é do que uma tradução) podem ser apreciados no canal http://br.youtube.com/user/franciscogirafa.
Aqui deixamos o "Canto das Fiandeiras", oriundo da tradição oral brasileira.
SEJAM BEM VINDOS E BOA LEITURA!!!